segunda-feira, 5 de maio de 2014

Ah... Deixei pra lá...



Qual o valor do “deixar pra lá”?


Sei lá... Nunca havia me feito essa pergunta...
Sempre reagi bem às adversidades, na verdade acho que nunca havia passado por grandes problemas a não ser os de infância, que por sinal, naquela época, pareciam o fim do mundo. Hoje crescido acho que sei o que são alguns problemas maiores e, não serei egoísta ou individualista ao ponto de dizer que meus problemas sejam os maiores do mundo, é claro que existem pessoas com dificuldades que têm que enfrentar que não se comparam, mas os meus, pra mim, já são suficientemente plausíveis de sofrimento. A frase de Caetano Veloso em “Dom de Iludir” já diz muito: “...Cada um sabe a dor e a delícia de ser o que é...”
Ao longo do tempo sempre fui bem solitário, mas com muitos amigos, nunca havia achado o amigo para chamar de “melhor”, sempre esperei para quando achasse, pudesse dar o maior titulo a ele. Dar o titulo de melhor amigo, entregar a chave da amizade, doar o tempo, oferecer o que a gente tem de melhor, presentear com o coração, ofertar a ajuda quando preciso, conceder o ombro e a alma quando necessário e, acima de tudo deixar transparecer a dádiva do amor entre duas pessoas distintas, ligadas pelo tempo, por algo maior, destino, caminhos, semelhanças, pensamentos, ideias e ideais.
Para uma amizade é preciso de pelo menos duas pessoas, não da pra ser amigo sozinho, não da pra fazer verão com uma andorinha só e, quando um resolve pegar o caminho contrário ou pular no vagão do trem ao lado com novos amigos, a gente parte do principio que devemos nos desesperar. Pera ai, se desesperar é normal, a gente olha e não vê, a gente procura mas o outro não quer ser achado, o outro esta bem, esta aconchegado, esta agora em um novo lar, rodeado de gente nova, mas... Eai? Ai entra o “deixar pra lá”... Quanto custa o deixar pra lá?
O “Deixar pra lá” não costa dinheiro, custa entender, olhar pra si, olhar pra trás e ver tudo o que se viveu, rir e chorar daquilo que lembrar, entender que você fez tudo o que podia, mesmo que isso não tenha sido quase nada, você não terá culpa da pessoa que é, não espere por uma absolvição alheia, não pense assim, faça levar o que é bom, ajuntar suas coisas, se levantar, se perdoar e seguir em frente pra próxima estação, onde o trem vai chegar. Nesse meio tempo você vai aprender a deixar tudo pra lá, vai entender então, que dessa vida nada se leva a não ser sua própria memória, o ar dos pulmões e seu coração cheio de esperança e vontade de viver e, se daqui pra frente eu tiver que perder mais alguma coisa, que seja por eu quis.
“... Não me deixe perceber que eu não te faço mais feliz.
Pode até mentir eu não ligo
Me despiste lentamente eu prefiro...
E se tudo que sobe um dia cai,
E o que começa um dia acaba.
Será que é melhor não começar mais nada
E ficar com os pés no chão?
E se no alto desta escada
Eu me deparar com a contramão?
É melhor não tentar voar
Se eu tenho as asas de um pavão..."
                                                                                       - Pés No Chão - Marcella Fogaça
Deixei pra lá, abri as portas, escancarei as janelas, abri todo tipo de gaiola, deixei voar, libertei, soltei as amarras, desamarrei, alforriei, desprendi, desatei, soltei, abri meu coração, doei meu coração mesmo tendo medo, mesmo morrendo de medo e, tudo que eu pedi e me fora prometido é que cuidasse dele, o tratasse bem uma vez que o que eu mais temia estava em jogo. No fim, voou, mas foi pela própria vontade, foi e não parece querer voltar, parece agora que alcançou a felicidade com novos alguem’s e, isso é algo genuíno, se agora esta feliz com quem faz bem, não queira de volta, não torture com isso se você só causava tristezas. Algo está errado, eu sei, já que estou sofrendo, mas a vida é doar-se pelos outros.
E eu?  Ah, deixa pra lá...
Agora eu estou treinado, estou pronto para viver e não se envolver, devo o meu obrigado, apesar de tudo, aos responsáveis que de alguma forma colaboraram, direta ou indiretamente.
Agora é seguir, é voar pro lado oposto, o que não significa esquecer...
Ah, deixa pra lá...
 “... Não seja como a areia
Que escorrega pelos meus dedos
Vai embora enquanto esteja
Distraído com meus brinquedos
Não seja como luz
Invadindo um quarto escuro
Saia pela janela lentamente
Aproveite enquanto eu durmo...”.
                                                                                 - Pés No Chão - Marcella Fogaça

“Obrigado por me amar...
Muitas vezes... cresce e esquece
Mas nós não queremos nos esquecer.”
-Espontâneo - Diante do Trono


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