domingo, 7 de abril de 2013

O que fica no final?

De toda forma, o processo de separação é sempre extremamente doloroso, choramos a ausência dos que nos disseram o temido adeus, dos que não disseram mas partiram e, dos que apenas partiram e parecem que levaram sua mente para criar a distância. Chorando e lamentando, falamos de perda. Um dia escreveu José Saramago:
-Perder? Como? Não é nosso, recordam-se? Foi apenas um empréstimo.
Mas agora, como contar a nossa mente que era apenas um empréstimo?
Eu decidi, não direi a mente, mas o coração é fofoqueiro e nessas alturas ela já deve saber de tudo.
Há um tempo pré determinado para todo tipo de permanência e, tem sorte quem tem o tempo eterno, ou, um looooongo tempo até ser chamado no guiche do partir. Antes de nós, é claro.
Cabe a nós, fazer apenas a nossa parte, o que compete-nos, dessa forma, sobretudo estarmos preparados a fim de que não entreguemos os pontos, nos deixemos vencer.
Os que um dia partiram e, os que partem, sempre continuam nutrindo e mantendo os sentimentos que deixaram. Seja onde estiver, com quem estiver ou da forma que um dia partiram. As fotos, o perfume, a musica ouvida, o lenço jamais devolvido, tudo vira lembrança, tudo vira saudade que a nossa mente insiste em alimentar. As sutis presenças e, vez ou outra, causa-nos doces emoções e, guardam, seguro e amorosamente, o reencontro, insistindo em esperar um até logo mais, não adeus. É certo dizer que os afetos estão ausentes, não perdidos, nem desaparecidos.

Bem auto explicativo, ja disse Carlos Drumond de Andrade:
"As coisas tangíveis tornam-se insensíveis à palma da mão
Mas as coisas findas, muito mais que lindas, essas ficarão." 
(Trecho: Memórias, Carlos Drumond de Andrade)


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