De
toda forma, o processo de separação é sempre
extremamente doloroso, choramos a ausência dos que nos disseram
o temido adeus, dos que não disseram mas partiram e, dos que
apenas partiram e parecem que levaram sua mente para criar a
distância. Chorando e lamentando, falamos de perda. Um dia
escreveu José Saramago:
-Perder?
Como? Não é nosso, recordam-se? Foi apenas um
empréstimo.
Mas
agora, como contar a nossa mente que era apenas um empréstimo?
Eu
decidi, não direi a mente, mas o coração é
fofoqueiro e nessas alturas ela já deve saber de tudo.
Há
um tempo pré determinado para todo tipo de permanência
e, tem sorte quem tem o tempo eterno, ou, um looooongo tempo até
ser chamado no guiche do partir. Antes de nós, é claro.
Cabe
a nós, fazer apenas a nossa parte, o que compete-nos, dessa
forma, sobretudo estarmos preparados a fim de que não
entreguemos os pontos, nos deixemos vencer.
Os
que um dia partiram e, os que partem, sempre continuam nutrindo e
mantendo os sentimentos que deixaram. Seja onde estiver, com quem
estiver ou da forma que um dia partiram. As fotos, o perfume, a
musica ouvida, o lenço jamais devolvido, tudo vira lembrança,
tudo vira saudade que a nossa mente insiste em alimentar. As sutis
presenças e, vez ou outra, causa-nos doces emoções
e, guardam, seguro e amorosamente, o reencontro, insistindo em
esperar um até logo mais, não adeus. É certo
dizer que os afetos estão ausentes, não perdidos, nem
desaparecidos.
Bem auto explicativo, ja disse Carlos Drumond de Andrade:
"As
coisas tangíveis tornam-se insensíveis à palma
da mão
Mas as coisas findas, muito mais que lindas, essas ficarão."
Mas as coisas findas, muito mais que lindas, essas ficarão."
(Trecho: Memórias, Carlos Drumond de
Andrade)
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